Duas finalistas da Escola de Música do Porto (ESMAE) – Sara Araújo e Sara Silva - homenageiam Bento Carqueja, numa ‘performance’ (clarinete e violino) que tem início às 21 horas, da próxima sexta-feira, no Café Alegria, no Porto. Uma delas, Sara Araújo, já venceu o concurso de Terras de La-Salette e sonha com uma carreira internacional.
A música sabe-lhe a ‘terra’. A Rio de Moinhos, onde nasceu lá para as bandas de Penafiel. A dois passos de concluir o seu curso, o mundo está-lhe na palma das mãos, e o seu clarinete tem as asas de um sonho: tocar, tocar. Já venceu em Terras de La-Salette e na próxima sexta-feira homenageia Bento Carqueja num ensamble com Sara Silva, no bar do café Alegria, no Porto.
O seu nome – Sara - é sagrado. Está nas Escrituras. Cresceu a ouvir bombardino, instrumento musical de onde o pai fazia soltar sons celestiais na secular filarmónica de Rio de Moinhos. Aos 6 anos o seu olhar não parava de brilhar sempre que a banda de música luzia nas romarias populares. E, sem surpresa, aos nove anitos Sara atravessou o rio – o Douro, doce mas indomável - e matriculou-se na Academia de Música do vizinho concelho de Castelo de Paiva. A música já não era uma paixão, transformara-se no seu grande amor. Por ela iria até ao fim do mundo. Nem tanto. Mas três anos depois a Divina Sara frequentava o Colégio das Caldinhas, uma escola profissional de música dirigida por clérigos, em Santo Tirso , onde ficou até rumar ao Porto. À cidade-maior. Por opção lançou-se nos braços da Escola de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE), antiga Escola Normal por onde o professor Bento Carqueja espalhou o seu saber antes de rumar à Universidade que ajudou a criar.
Sara, nome próprio, Araújo, apelido, transpôs os portões da velha escola com o entusiasmo de quem aí encontraria o seu mestre, António Saiote.
«Vim para a ESMAE por causa dele. Era a minha referência. O meu ídolo, se assim posso dizer, o meu treinador, o sábio que eu queria que fizesse do clarinete o meu companheiro para toda a vida», confessa.
Aos vinte anos e prestes a terminar o seu curso não se arrepende. Aprendeu muito. Música, claro, mas também como pessoa, como mulher, feita de uma quase imprópria simplicidade.
«Os elitismos não são coisa que me seduza. Temos que ser humildes, conscientes que temos sempre muito a aprender e quem não for assim dificilmente concretizará os seus sonhos», salienta.
Prémios já teve alguns, todos estimulantes e nenhum mais importante do que outro, segundo diz.
Por isso, põe em pé de igualdade, a distinção obtida no HIGH SCHOOL SOLO COMPETION 2008 – CASA DA MUSICA, com o 1º prémio no concurso Terras de La-Sallete, em Oliveira de Azeméis, ou a participação no Concurso Internacional de Bruxelas.
E porque o futuro é já hoje, Sara Araújo, está já a leccionar (clarinete) na Academia de Música de Vizela.
O que mais houver virá a seu tempo porque o sonho – eterno António Gedeão, saudoso saudoso Rómulo de Carvalho – comanda a vida e uma cadeira na prestigiada Orquestra Gulbenkian ou um estágio em Nova Iorque , Paris, Berlim ou Barcelona, será sempre uma bola colorida.
«Talvez daqui a algum tempo abra uma vaga ou haja um convite, sei lá…Onde? Vou até aonde a música me levar», afirma.
Para já, uma certeza: quem quiser ouvir a Sara Araújo pode visitá-la no ‘you tube’: Sara Tavares, clarinete ou aplaudi-la no espectáculo que vai dar no improvisado auditório do Café Alegria, a dois passos da casa onde o emérito professor Bento Carqueja , natural de Oliveira de Azeméis, viveu a maior parte da sua vida.